A experiência de quem visitou os Estados Unidos durante o Mundial de Clubes da FIFA, em julho de 2025, foi marcada por muito mais do que futebol.
O calor do verão americano, a torcida vestindo as cores de 32 clubes de todos os continentes e o ritmo do espetáculo global foram apenas o pano de fundo para uma organização logística e comercial que demonstrou claramente o que esperar em 2026.
O torneio de seleções, que será o maior da história, não só em número de países envolvidos, mas também em número de torcedores, turistas e consumo, promete ser um evento gigantesco.
Mas o que vimos no Mundial de Clubes de 2025 é muito mais do que um torneio da FIFA... é um alerta do que está por vir!
Um alerta que começa com transparência.
Literalmente!
A exigência de levar sacolas plásticas transparentes nos estádios americanos é uma regra aplicada com muita força.
Com muita seriedade!
Há pelo menos dez anos.
Não é permitido entrar em nenhum estádio, evento esportivo ou show com bolsas pessoais. Não importa o tamanho ou a cor...
Tudo começou com as normas de segurança após os ataques terroristas de 11 de setembro.
E elas foram ainda mais reforçadas após ataques como a Maratona de Boston em 2013.
A NFL foi uma das primeiras ligas a implementar a agora famosa "Política de Bolsas Transparentes" em 2015.
A partir de então, o que era uma "medida especial" tornou-se uma regra padrão, vista o tempo todo, em todos os lugares!
A regra estabelece que todas as bolsas trazidas para o estádio devem ser completamente transparentes e de tamanho limitado.
Máximo de 30 x 15 x 30 centímetros.
Mochilas não são permitidas.
Bolsas femininas tradicionais não são permitidas.
Nem mesmo pochetes escuras.
Tudo deve ser visível e feito de plástico.
A aplicação da regra durante as partidas do Mundial de Clubes surpreendeu muitos torcedores vindos de outros países que desconheciam a situação.
Cenas de confusão e raiva em frente a estádios como o MetLife Stadium, o Mercedes Stadium em Orlando e o Miami Stadium.
Famílias inteiras bloqueadas na entrada do estádio, sem poder assistir ao jogo pelo qual pagaram tanto... pelas bolsas de couro de uma das filhas.
Turistas forçados a jogar fora suas mochilas ou comprar uma alternativa.
E então, naquele momento, como num passe de mágica... os vendedores ambulantes chegaram.
A maioria eram imigrantes latinos sem documentos, posicionados em frente às entradas principais com postes de madeira segurando sacolas plásticas transparentes que vendiam entre US$ 15 e US$ 40.
Sem recibos, sem garantias.
Mas com alta demanda.
Quem não comprou, não entrou.
Do outro lado, estavam as versões de luxo.
Lojas como Macy´s e Nordstrom aproveitaram a situação para lançar modelos modernos de sacolas plásticas transparentes.
Com zíperes dourados, alças de couro sintético e até mesmo logotipos elegantes de marcas.
Os preços começavam em US$ 79 e podiam ultrapassar US$ 200 para modelos de grife.
Tudo transparente.
Mas nada barato.
A lógica era clara: se você quer assistir ao jogo, precisa seguir as regras.
Se você quer seguir as regras com estilo, esteja preparado para gastar.
A segurança era a desculpa.
O consumo, no entanto, era a realidade.
Mas o mais impressionante foi o custo total da experiência "Soccer" nos Estados Unidos neste verão. A FIFA desembarcou com seu maior torneio de clubes da história.
E os ingressos para a rodada de abertura custaram entre US$ 80 e US$ 150. Muito mais do que a média de US$ 30 para jogos da MLS, a liga nacional de futebol dos Estados Unidos.
Para as quartas de final e semifinais, os preços subiram para US$ 200 ou US$ 300.
A final, em Miami, teve ingressos variando de US$ 400 a US$ 1.850.
E isso foi só o começo.
Ainda havia dinheiro para gastar no calor de 38 graus.
Água custava US$ 6.
Cerveja custava de US$ 12 a US$ 18.
Um sanduíche simples custava mais de US$ 20 em quase todos os estádios. Estacionar a US$ 50 era o preço normal. Havia 70 e até 80 vagas.
O transporte público estava lotado. E caro. O trem de Nova York para Nova Jersey para os jogos no MetLife Stadium (semifinais e finais) custou cerca de US$ 11.
Crianças de quatro anos pagaram o mesmo preço que adultos nos estádios.
Passagens de Uber custaram cinco vezes a tarifa normal.
E os hotéis aumentaram seus preços em até 400%! Uma noite em um hotel três estrelas em Nova Jersey normalmente custa entre US$ 75 e US$ 100. Para as semifinais, os mesmos hotéis custaram US$ 200 a mais.
Um quarto normal que custava US$ 120 em março estava sendo vendido por US$ 480 em julho.
Aviões lotados. Julho é época de férias para as crianças americanas.
Voos domésticos custando entre US$ 350 e US$ 700 para viagens que normalmente custam US$ 100.
E como eram férias escolares nos Estados Unidos, Canadá e México também estavam lotados.
Tudo isso para um torneio com 32 clubes.
Agora tente imaginar o que acontecerá com 64 seleções em 2026.
É fácil entender que será ainda mais caro, mais lotado e com muito mais problemas logísticos.
No Mundial de Clubes, o público foi seleto.
Torcedores de verdade, em sua maioria. Muitas pessoas que vieram para apoiar um time específico.
E também muitos torcedores de futebol que já estavam no país e decidiram aproveitar a oportunidade.
Em 2026, será diferente.
Os torcedores virão em massa.
Grupos de todo o mundo.
Do Japão ao Marrocos. Da Argentina à Indonésia.
E não apenas dos Estados Unidos.
Canadá e México também sediarão partidas.
Isso significa que as viagens domésticas serão ainda mais difíceis. Mais longas.
E, claro... Mais caras.
Com o aumento para 64 seleções, o número de times, locais de treinamento, voos especiais, jornalistas credenciados e torcida organizada dobrará.
A matemática é simples.
Tudo o que era difícil em 2025 será duas vezes mais difícil em 2026.
Tudo o que era caro será duas vezes mais caro.
E o que era inconveniente, como a regra da sacola transparente, se tornará ainda mais complicado em estádios com capacidade para 80.000 pessoas, para jogos disputados simultaneamente em três países diferentes.
Os números falam por si.
A Copa do Mundo de Clubes da FIFA de 2025 foi o evento esportivo com maior impacto econômico nos Estados Unidos, depois do Super Bowl de 2023.
De acordo com dados iniciais da Associação de Viagens dos EUA, mais de 1,2 milhão de torcedores viajaram entre os estados que sediaram as partidas.
Em Nova York, a taxa média de ocupação hoteleira foi de 94% durante a semana das semifinais.
Em Miami, no fim de semana da final, até hotéis três estrelas estavam completamente vazios.
Quem não havia reservado com antecedência estava pagando até US$ 680 por noite em hotéis que normalmente cobram US$ 120.
Em Atlanta, onde muitos jogos foram disputados, o metrô teve recorde de passageiros.
E em Los Angeles, onde os trens não são suficientes, o trânsito atingiu níveis semelhantes ao do Dia de Ação de Graças, que é sempre o pior dia para o trânsito.
O tempo médio de deslocamento entre bairros e estádios era de uma hora e 45 minutos em dias de jogos.
Os números de consumo também são chocantes.
Estima-se que mais de 8 milhões de litros de álcool foram vendidos em estádios e fan zones oficiais durante o torneio.
A cerveja foi o produto mais vendido.
E também o mais criticado.
Em cidades como Boston e Los Angeles, uma simples lata custava entre US$ 14 e US$ 17.
Cardápios de fast-food com sanduíche, batata frita e bebida custam mais de US$ 32 em alguns estádios.
Não houve diferença de preço entre os jogos mais populares e os menos famosos.
Os preços foram os mesmos em todos os lugares, sem descontos.
Empresas de transporte privado comemoraram.
A Uber e a Lyft anunciaram que os pedidos aumentaram em até 230% em dias de jogos do Mundial de Clubes.
Em Miami, uma corrida padrão entre a popular região de South Beach e o Hard Rock Stadium, que normalmente custa US$ 35, subiu para US$ 110 em dias de torneio.
Mesmo com os preços altíssimos, a demanda foi tanta que o tempo médio de espera ultrapassou 22 minutos, quando a espera típica é de 5 a 10 minutos.
Motoristas de táxi sem licença também lucraram.
Em Los Angeles, mais de 5.000 motoristas trabalharam na Copa do Mundo sem licença, segundo dados da cidade.
Vendedores ambulantes, no entanto, estavam por toda parte.
Bem em frente aos estádios, onde as pessoas estavam saindo!
Além das agora famosas sacolas transparentes, eles também vendiam chapéus, cachecóis e camisetas. Tudo falso.
Tudo caro: US$ 40 por uma camisa da Copa do Mundo.
Em Seattle, onde fazia muito calor, garrafas de água vendidas em veículos particulares custavam US$ 10 cada.
Em Orlando, food trucks lucravam mais do que restaurantes tradicionais em dias de jogos.
Um torcedor pagou US$ 10 por algumas batatas fritas.
Mas nada representa melhor o estresse e o custo de tudo isso do que a famosa regra das sacolas transparentes.
De acordo com uma pesquisa na Califórnia, mais de 340.000 torcedores compraram sacolas perto dos estádios!
Destes, mais de 70% vieram de vendedores ambulantes.
O preço médio foi de US$ 28.
Não é um número ruim se multiplicado por todas as pessoas que as compraram.
Em grandes lojas, a Macy´s lançou uma linha de sacolas em três tamanhos diferentes com bolsos internos por US$ 129.
E a Bloomingdale´s tinha modelos ainda mais elegantes por até US$ 179.
O curioso é que a regra da bolsa não é a mesma em todos os estados.
Em cidades como Orlando, elas eram mais flexíveis. Em outras, como Atlanta, eram muito rígidas.
O resultado foi uma experiência confusa e diferente para cada torcedor.
Alguém entrou com uma bolsa grande em Orlando, mas foi parado com a mesma bolsa em Seattle.
Nada estava claro. Apenas a regra que esclarecia que todas as bolsas deveriam ser transparentes.
Toda essa confusão pode parecer um problema pequeno.
Mas se pensarmos no que acontecerá em 2026, fica claro que será enorme.
Em vez de 32 clubes, haverá 64 seleções.
Em vez de 12 cidades, haverá pelo menos 16.
Em vez de apenas um país, serão três.
Viaje entre Canadá, Estados Unidos e México com verificações em aeroportos e fronteiras, vistos, alfândega, vacinas e seguros.
Torcedores indonésios e senegaleses que podem ter que apresentar documentos em inglês, francês e espanhol no mesmo dia, dependendo da cidade.
Tudo isso significa mais riscos, atrasos.
E dinheiro.
Muito dinheiro para gastar.
Se o Mundial de Clubes foi um ensaio geral, a Copa do Mundo será o verdadeiro espetáculo.
E cada espetáculo custa caro.
Cada ingresso, cada comodidade, cada detalhe.
Da sacola à cerveja.
Do assento no estádio ao voo entre as cidades.
Eles prometem uma Copa do Mundo inesquecível.
E será.
Para quem estará lá, essa é a verdadeira questão.
Para quem pode pagar.
E, acima de tudo, para quem consegue suportar os preços. O calor. O estresse.
Especialmente nos Estados Unidos.