Às vezes dava certo, outras não, mas era divertido inventar uma história mirabolante no 1º de abril, consagrado dia da mentira no Brasil e mais alguns países.
Voltando no tempo, lembro que no 1º de abril eram as contratações improváveis de jogadores de futebol os pratos prediletos na época do Colegial.
Aqui, se me permitem, faço uma observação: "Colegial" era um nome bem mais pomposo que o atual "Ensino Médio".
Sabem aquela escala, "fraco, médio e forte", tipo essa que se usa para graduar café em cápsulas?
Pois bem, chamar um período tão importante na vida de um adolescente de "médio" é suavizar as tintas, uma tremenda sacanagem...
Aprendi coisas fundamentais para minha existência nesse período intenso, de efervescência hormonal e política, esta contra a maldita ditadura militar, que torturou e matou e felizmente caiu de podre, que saiu de cena deixando o País em frangalhos, mergulhado em uma hiperinflação de 215% ao ano que estourou nas mãos do primeiro governo democrático após mais de 20 anos de chumbo.
Em termos de dívida externa, o último dos homens de verde-oliva, aquele que preferia o cheiro do seu cavalo ao do povo, passou o bastão a José Sarney com uma dívida externa equivalente em valores atualizados a 1,2 trilhão de dólares. Milagre econômico? Conversa para boi dormir...
Para o gado inteiro dormir...
Em um pasto plano.
No Colegial também conheci bons amigos, assim como a paixão mais arrebatadora da minha vida, que surgiu diante das minhas retinas quando eu era um estudante do 2º Colegial, em uma manhã iluminada no final de janeiro de 1983: uma menina magrela com cabelos desgrenhados que vestia uma jardineira branca.
Ela sentou-se a duas fileiras do meu lado direito, junto à parede.
Linda, plena e inalcançável, na manhã mais doce da minha vida.
E foi lá, no meu inesquecível Colegial, um ano antes dessa visão maravilhosa (portanto em 1982), que contei para toda a minha sala do 1º ano que Niki Lauda (1949-2019) havia desistido de retornar à Fórmula 1 pela McLaren para assinar com a equipe de Emerson Fittipaldi, então chefe do time, que na ocasião contava apenas com Chico Serra como piloto. Era 1º de abril.
Muitos colegas também gostavam de automobilismo, e como o "Dia da Mentira" não havia sido lembrado por ninguém, consegui convencer os incautos.
Disse que havia acabado de ouvir a história na rádio, pelo TKR da Caravan bege do meu pai, que me levava de segunda a sexta para as bandas da Vila Mazzei, com segurança e carinho me deixando junto ao portão cinza de ferro do querido Gonçalves Dias.
"Gente, acabei de ouvir o Claudio Carsughi* dizendo que o Lauda vai correr na Fittipaldi", decretei com seriedade.
Segurei a história até onde pude — época sem internet era uma maravilha —, ninguém tinha como sacar um celular do bolso para checar a informação. E assim foi, até uma colega me "desmascarar", dizendo que só podia ser piada de 1º de abril...
Pena que naquele dia eu não tinha uma foto igual a que ilustra esta crônica, autêntica, com Lauda dentro do carro... Ninguém duvidaria...
* Peço desculpas ao Claudio Carsughi, hoje amigo, pela história que inventei no longínquo ano. Foi por uma causa divertida, certo, Mestre?
OBSERVAÇÃO: A foto de Niki Lauda é verdadeira. Ele sentou-se no Copersucar F5 em 1977, durante um teste de pneus da F1 em Zandvoort, na Holanda. Porém, o austríaco apenas estava experimentando o cockpit do carro de Emerson. De fato, ele nunca andou no carro da equipe brasileira de F1. A informação foi assegurada pelo próprio Emerson Fittipaldi, indagado sobre o assunto pelo jornalista Fred Sabino, atualmente na Band.
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