Costumo desenvolver minhas crônicas depois de escolher um bom título.

Claro, antes, preciso de um assunto que me motive para a empreitada.

Depois, parto para tentar traduzir a ideia central do texto.

No caso deste título, escolhi uma palavra que gosto, que também dá nome ao primeiro livro do essencial Chico Buarque de Holanda.

Que bom que este país voltou a ser reconhecido lá fora e Chico Buarque recebeu o seu prêmio ao lado de um presidente que não tem suas mãos manchadas de sangue.

Assim, este título, humildemente presta homenagem a este brasileiro maravilhoso chamado Chico Buarque de Holanda.

Estorvo é uma palavra que eu já gostava antes do livro do Chico, 

Estorvo é um obstáculo, uma pedra no meio do caminho...

Bom, aí eu bebi da fonte mineira de Carlos Drummond de Andrade.

Estou bem acompanhado nesta semana...

Às vezes o estorvo é alguma coisa, mas também pode ser uma pessoa que atravessa o nosso caminho.

Alguém que atravanca a passagem, dificulta a caminhada.

Quem nunca, não é mesmo?

No caso do mundinho da Fórmula 1, desconfio seriamente que essa invenção das corridas curtas, aos sábados, as Sprint, são um estorvo na vida dos pilotos e das equipes.

Nesta temporada, ainda as deixaram "independentes" da corrida principal.

Assim, na prática, o final de semana com elas não passa de uma rodada dupla.  

Fico imaginando mecânicos nos boxes, na hora da classificação da Sprint, torcendo para que seus pilotos não encostem no muro, porque logo depois tem a tal corridinha.

E, depois, na tal corridinha, também tragam seus equipamentos os mais íntegros possíveis para que não virem a noite fazendo reparos para a corrida de domingo...

Eu, se fosse piloto, também acharia um estorvo ter que disputar esta corridinha, arriscando meu pescoço por uma ninharia de pontos, ou pior, se eu fosse um daqueles do meio do pelotão, que não briga pelos oito primeiros lugares.

A empresa que administra a F1, a Liberty Media, tem DNA norte-americano, por isso quer transformar a categoria em um show mirabolante e pirotécnico aos moldes do que acontece por lá, na NASCAR, basquete e futebol americano.

É claro que o Bernie Ecclestone precisava ser freado depois de tantas barbeiragens que fez, mas se hoje a F1 chegou neste patamar, foi por sua capacidade.

Acharam que ele era um estorvo e criaram, entre outras coisas, as Sprint, um estorvo dos infernos...  

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