Como vivemos uma medíocre época de curtas leituras, certamente muitos discordaram do título e nem tiveram curiosidade para ler o primeiro parágrafo desta coluna.
Faz parte.
Até mesmo no meio do automobilismo, onde outrora se valorizavam os textos embasados e robustos, escritos por jornalistas preparados, há uma gradativa substituição por uma imprensa menor, formada por tiktokers que povoam suas redes sociais em duetos com pilotos das pistas brasileiras em dancinhas enfadonhas.
Seguirei minha linha, tentando não deixar meus mestres passarem vergonha com aquilo que faço, um time formado por Claudio Carsughi, Flavio Gomes, Lito Cavalcanti, Castilho de Andrade e Reginaldo Leme.
Feitas as distinções, vamos aos fatos.
Há uma certa obsessão, felizmente não propalada por todos, por mais equilíbrio na Fómula 1.
Uma conversa fiada que ganha manchetes todas as vezes que uma equipe - ou um piloto -, dominam a categoria mais importante do esporte a motor.
Para não ir tão longe assim, e na verdade indo um pouco, esse "filme" já foi visto com hegemonias absurdas, como aquelas vividas pela McLaren com Senna e Prost em 88 e 89, a Ferrari com Schumacher entre 2000 e 2004, e a Red Bull, primeiro com Vettel entre 2010 e 2013 e agora, com Verstappen, desde 2021.
A Fórmula 1 talvez seja o exemplo mais agudo da crueldade do capitalismo, com seus vórtices de extermínio.
Já ouvi, de gente bem alinhada ao conservadorismo, defensores ferrenhos da mentirosa meritocracia, que a Fórmula 1 não pode ter tanta desigualdade...
Retruquei, com cavalar dose de cinismo, que então a Fórmula 1 deveria ser disputada exclusivamente em Havana, com carros iguais para todos.
A rigor, a IndyCar, justamente no país mais capitalista do mundo, apregoa um falso equilíbrio, com chassis iguais e apenas dois motores para todas as equipes.
Não há equilíbrio na IndyCar.
As diferenças de tempos em um grid são maiores que na "desigual" Fórmula 1, basicamente porque há um abismo financeiro entre as equipes.
Há, na IndyCar, de fato, três equipes de "Série A", casos da Ganassi, Penske e Andretti.
As demais são Série B ou C.
Lutam pelas migalhas.
Aqui no Brasil, a Stock Car também é assim.
Há um aparente equilíbrio, com 20 carros no mesmo segundo.
Porém, tal qual na IndyCar, uma diferença abissal entre os times.
Entra ano e sai ano, os títulos se resumem a poucos chefes de equipe.
E eu não vejo nada de mau nisso.
Como na Fórmula 1, o bom trabalho se reflete nos canecos levantados.
Como diz meu amigo Claudio Carsughi, lembrando um provérbio português, "quem não tem competência que não se estabeleça".
A desigualdade na Fórmula 1 promove um corre-corre.
Quem está andando atrás luta para reverter a situação.
Hoje, a Red Bull veleja em mar calmo, com as velas enfunadas.
Venceu 21 das 22 corridas disputadas em 2023.
As outras equipes que se virem.
Para que não naufraguem...
É a falta de equilíbrio que movimenta a Fórmula 1.
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